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Brithol Michcoma: inovação e compromisso com Moçambique há mais de três décadas

Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma

A atravessar uma fase de modernização e expansão estratégica, a Brithol Michcoma reafirma o seu compromisso com a excelência e a sustentabilidade. Liderada por Vítor Simões, a empresa aposta na transformação digital, na gestão sustentável e na formação contínua, consolidando a sua posição como referência nacional em soluções tecnológicas, gráficas e de segurança. Saiba isto, e muito mais, numa conversa que tivemos com Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma – um grupo que opera há mais de 30 anos no País.

Helga Nunes (texto) . Dino Valeta (fotos)

 

A Brithol Michcoma é reconhecida pela sua longevidade e inovação em Moçambique. Pode descrever brevemente as principais mudanças estratégicas pelas quais a empresa passou nos últimos anos?

A Brithol Michcoma é uma referência no tecido empresarial moçambicano há mais de 30 anos. Desde a sua fundação por Herbert Haller, sempre combinámos visão estratégica com inovação tecnológica, mantendo uma forte presença nacional e uma aposta contínua na excelência.

Em 2020, definimos um plano de modernização da estrutura organizacional e dos processos internos, que teve de ser temporariamente adiado devido à pandemia. Retomámos essa transformação em 2021 com a criação de uma unidade de compras centralizada, dando início a uma reorganização profunda da empresa.

Com o falecimento do nosso fundador, passámos por um período de transição e de reflexão interna. Contudo, a partir de 2022, intensificámos a implementação do projecto de modernização, estruturando-nos em direcções estratégicas de acordo com as nossas diferentes linhas de negócio. Iniciámos também a certificação pela norma ISO 9001, já em vigor na Brithol Gráfica e em várias áreas técnicas e administrativas, com o objectivo de alcançar todas as unidades da empresa.

 

Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma
Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma

 

Quais são os maiores desafios actuais que enfrenta no mercado moçambicano e como têm conseguido ultrapassá-los?

O mercado moçambicano tem enfrentado uma desaceleração significativa nos últimos anos, com particular impacto no sector público, que deixou de adquirir vários produtos gráficos desde 2020 — incluindo a conhecida carta de condução biométrica, anteriormente produzida por nós. Além disso, o sector bancário passou por um período de incerteza até à estabilização do novo sistema SWITCH da SIMO. Perante esse cenário, temos conseguido manter a nossa posição através de uma gestão financeira rigorosa, da resiliência das nossas equipas e do apoio consistente dos nossos accionistas, que continuam a acreditar na economia moçambicana e na nossa capacidade.

 

De que forma a Brithol Michcoma tem respondido às necessidades específicas dos sectores financeiro e governamental em Moçambique?

Estes dois sectores têm um peso significativo na nossa actividade. Ao longo dos anos, posicionámo-nos como parceiros estratégicos de confiança, oferecendo soluções de alta qualidade e tecnologicamente avançadas.

Fomos pioneiros na personalização de cheques, acompanhando a regulamentação do Banco de Moçambique em 2019, e atingimos a liderança de mercado nesta área em 2022/2023. Já em 2006, gerimos com sucesso a mudança do Metical, substituindo todos os cheques em circulação, sem disrupções.

Na área de equipamentos bancários, representamos marcas de renome internacional, garantindo aos nossos clientes soluções fiáveis, eficientes e adaptadas à realidade local. Para o Estado, temos desenvolvido e implementado diversos modelos de impressos de segurança, que continuam a ser utilizados — ainda que hoje, em muitos casos, produzidos por outras entidades.

 

Em termos de segurança e identificação digital, como avalia o nível actual do mercado moçambicano, e qual tem sido a contribuição da Brithol neste sector?

A segurança documental e a identificação digital continuam a ser áreas críticas e, infelizmente, o mercado moçambicano ainda se encontra aquém das suas reais necessidades. É necessário um esforço coordenado para recuperar o atraso tecnológico e aproximar o país dos padrões internacionais.

A Brithol Michcoma tem desempenhado um papel activo nesta evolução, com soluções de impressão de segurança, de impressos protegidos contra fraude, personalização de documentos, ou o desenvolvimento de softwares “tailor made”. A nossa experiência, acumulada ao longo de décadas, permite-nos oferecer soluções robustas para os desafios actuais e futuros nesta área.

 

Como encara o futuro da impressão de segurança e gestão de numerário num mundo cada vez mais digitalizado? Que planos a empresa tem para acompanhar estas mudanças?

O processo de digitalização é inevitável e continuará a crescer. No entanto, não podemos ignorar que a substituição total do papel e do numerário ainda está longe de acontecer, especialmente em realidades como a nossa. Na Brithol Michcoma, acompanhamos atentamente esta transição. Continuamos a investir em tecnologia e formação para garantir que, seja em soluções físicas ou digitais, mantemos a capacidade de responder com qualidade, segurança e inovação às necessidades do mercado.

 

A Brithol Michcoma tem lojas espalhadas em várias províncias do país. Que estratégias têm sido implementadas no sentido de garantir a qualidade e uniformidade dos serviços em locais tão diversos?

Temos orgulho em afirmar que a Brithol Michcoma está presente em todas as capitais provinciais, e ainda em Nacala, assegurando uma cobertura verdadeiramente nacional. Em Maputo, contamos actualmente com duas lojas e prevemos a abertura de uma terceira em breve.

Garantir a mesma qualidade de serviço em todo o território é um desafio constante, sobretudo num país com a dimensão e complexidade logística de Moçambique. As distâncias, o estado das vias de comunicação, as limitações nas cadeias de abastecimento e a variabilidade na infraestrutura de cada província representam obstáculos significativos que enfrentamos diariamente.

Para superar essas dificuldades, desenvolvemos um modelo de operação assente na transferência contínua de conhecimento apartir da sede, garantindo que todas as delegações recebem formação técnica e operam com os mesmos padrões de qualidade. Enviamos regularmente os meios materiais e tecnológicos necessários, assegurando que cada loja e equipa técnica dispõe das condições adequadas para prestar um serviço eficiente, independentemente da sua localização.

Este esforço logístico e operacional traduz-se num custo elevado, que se reflecte parcialmente no preço final. No entanto, os nossos clientes reconhecem o valor da qualidade consistente e da presença local, e têm demonstrado compreensão e fidelidade perante este compromisso da Brithol Michcoma com a excelência em todo o país.

 

Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma
Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma

Como é que a transformação digital, nomeadamente através das soluções Xerox, tem beneficiado os vossos clientes empresariais?

A parceria com a Konica Minolta quase desde o início da nossa fundação e agora mais recentemente com a Xerox representam uma aposta clara na inovação. Estas marcas oferecem muito mais do que multifunções — oferecem verdadeiras plataformas completas de gestão documental e transformação digital.

Com a introdução das soluções Konica Minolta e Xerox, os nossos clientes passaram a beneficiar de ferramentas que optimizam fluxos de trabalho, reduzem custos operacionais e aumentam a segurança da informação. A Brithol Michcoma orgulha-se de ser distribuidor oficial destas duas marcas de prestígio em Moçambique, disponibilizando aos seus parceiros corporativos tecnologia de ponta aliada a um serviço técnico altamente capacitado.

 

Com uma equipa multicultural e diversificada, qual é a estratégia da empresa para manter os seus colaboradores motivados e actualizados em termos de competências técnicas?

Acreditamos que a nossa força está nas pessoas. Promovemos uma cultura organizacional centrada na responsabilidade, colaboração e melhoria contínua. Procuramos transmitir a todos os colaboradores a importância de servir a empresa com compromisso e qualidade.

A administração tem plena consciência de que para exigir excelência, é necessário proporcionar condições adequadas de trabalho e oportunidades de formação. Investimos regularmente no desenvolvimento de competências técnicas e interpessoais, criando um ambiente de aprendizagem permanente.

 

A sustentabilidade tem sido um tema chave na estratégia da empresa. Poderia mencionar algumas iniciativas específicas da Brithol neste âmbito?

A sustentabilidade é parte integrante da nossa cultura organizacional. Em Maputo, todos os resíduos de papel, plástico e embalagens — seja nos escritórios, seja na Brithol Gráfica — são recolhidos e encaminhados para empresas especializadas em reciclagem. Nas restantes províncias, infelizmente, ainda não encontrámos parceiros com capacidade para dar resposta a essa necessidade, mas continuamos activamente à procura de soluções. Um dos nossos grandes desafios actuais é encontrar uma entidade que possa tratar resíduos eletrónicos, como computadores, impressoras e outros equipamentos.

A nível interno, incentivamos os nossos colaboradores a adoptarem uma postura consciente e responsável. Promovemos práticas simples, mas com grande impacto, como apagar as luzes sempre que não estão a ser utilizadas, reduzir o consumo de papel e água, e privilegiar materiais reutilizáveis ou recicláveis. Acreditamos que a mudança começa por dentro, com atitudes que fazem parte da rotina de todos.

Além disso, temos procurado sensibilizar a comunidade, especialmente os mais jovens, através de acções dirigidas ao público estudantil. Entendemos que a formação e a consciencialização das novas gerações são fundamentais, pois os estudantes de hoje são os líderes, consumidores e decisores de amanhã. O nosso compromisso com a sustentabilidade é, por isso, também um compromisso com o futuro de Moçambique.

 

Como descreve a experiência da Brithol Michcoma Packaging (BMP) no âmbito da parceria com a Heineken e no que diz respeito às embalagens sustentáveis?

A Brithol Michcoma Packaging (BMP) tem vindo a crescer de forma consistente. Dispomos de três linhas de produção — embalagens convencionais, de segurança e recicláveis. A nossa parceria com a Heineken foi um marco importante: foi a primeira grande empresa a aderir às nossas propostas sustentáveis, reforçando a confiança na nossa capacidade técnica e ambiental. Temos centenas de clientes nesta área e estamos preparados para responder à crescente procura por soluções sustentáveis. Incorporamos materiais reciclados locais sempre que possível, valorizando os recursos nacionais e contribuindo para uma cadeia de abastecimento mais ecológica e responsável.

 

Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma
Vítor Simões, o CEO da Brithol Michcoma

Como líder de um grupo tão diversificado, quais são as suas prioridades estratégicas para os próximos anos?

As nossas prioridades passam por consolidar a posição da Brithol Michcoma como referência nacional em soluções tecnológicas, gráficas e de segurança. Pretendemos fortalecer a presença no mercado, mantendo elevados padrões de qualidade e expandindo o nosso portfólio com soluções cada vez mais integradas e orientadas para o futuro.

Estamos atentos à transformação digital, à sustentabilidade e à necessidade de descentralizar serviços com qualidade — pilares que consideramos fundamentais para a nossa evolução e para o desenvolvimento de Moçambique.

 

A Inteligência Artificial tem sido apontada como um grande desafio e oportunidade para o futuro. Qual é a sua visão sobre o papel desta tecnologia nos negócios do Grupo Brithol Michcoma?

A Inteligência Artificial, tal como outros algoritmos e tecnologias de automação, representa uma oportunidade notável para aumentar a produtividade e optimizar processos. Contudo, defendemos que é essencial haver transparência na forma como estas ferramentas são desenvolvidas e utilizadas, tanto ao nível dos dados que processam como dos resultados que produzem. A IA é uma ferramenta poderosa, mas requer responsabilidade e regulação. Continuaremos a explorar o seu potencial, sempre com foco na ética, na segurança e no valor real que pode trazer aos nossos clientes.

 

Assumir a liderança do grupo após o falecimento do fundador, Herbert Haller, foi certamente um grande desafio pessoal. Como lidou com essa transição e que lições aprendeu nesse processo?

Assumir a liderança do grupo foi, e continua a ser, uma enorme honra e responsabilidade. O Sr. Herbert Haller deixou-nos um legado de visão, ética e coragem empresarial, que procuramos diariamente preservar e actualizar.

A transição foi vivida com humildade e espírito de equipa. Tenho aprendido continuamente com os meus colegas, parceiros e clientes. A principal lição tem sido esta: é com trabalho conjunto, respeito mútuo e compromisso com o país que conseguimos honrar a nossa história e construir o futuro da Brithol Michcoma.

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