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Ministros do Comércio africanos pedem renovação da AGOA aos EUA

No âmbito do US-Africa Business Summit 2023, os ministros do Comércio africanos pediram aos Estados Unidos da América que o acordo comercial da AGOA (Lei de Crescimento e Oportunidades para a África), que abriu o mercado norte-americano aos produtos africanos, seja reformulado e que se amplie novamente a sua data este ano, para não esperar até à sua expiração marcada para 2025. O pedido foi apresentado durante a realização da Cimeira de Negócios entre os países da África Austral e os Estados Unidos da América (US-Africa Business Summit) sob o lema “Reforçar o valor de África nas cadeias de valor globais”, que teve lugar em Gaberone, no Botswana. AGOA (African Growth and Opportunity Act – Lei de Crescimento e Oportunidades para a África) concede a isenção de direitos aduaneiros a mercadorias de países designados da África Subsaariana. O programa data do ano 2000 e tem como objectivo promover o crescimento económico através da boa governação e dos mercados livres. O mecanismo de apoio abrange bens não têxteis e têxteis, e, em 2015, foi reautorizado até 30 de Setembro de 2025. Contudo, agora os líderes da África Austral pedem que a lei seja novamente estendida. A renovação imediata da AGOA removeria a incerteza sobre o futuro do pacto e iria permitir que fornecedores e parceiros planeassem e mantivessem melhor os investimentos nas economias africanas, disseram os ministros durante a Cúpula Empresarial EUA-África no Botswana. “Estamos a falar com a mesma voz que a Agoa deve ser estendida”, disse o ministro do Comércio de Botswana, Mmusi Kgafela, num painel de cúpula. Kgafela disse que ele e outros ministros africanos querem “um período indefinido” para o acto. Deste modo, eliminar-se-ia a incerteza em torno do actual ciclo de renovação de 10 anos. Reautorizar o AGOA agora Num novo documento sobre o pedido de renovação do Agoa, Daniel F. Runde e Thomas Bryja escreveram para o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington DC, que “há um caso convincente para reautorizar o AGOA agora”. Frannie Léautier, membro do Atlantic Council, que lançou um relatório do AGOA recentemente, disse que o acto “deve ser renovado pelo Congresso dos EUA por pelo menos um período de dez anos, o mais rápido possível”. Houve também um apelo dos ministros para que as regras do AGOA fossem simplificadas e tornadas menos pesadas para que mais países pudessem beneficiar mais do programa. A incerteza em torno do futuro da AGOA tem um impacto no mundo real das decisões tomadas por empresas e economias que tentam tirar proveito de suas condições preferenciais para entrar na maior economia do mundo. O CASO DA ÁFRICA DO SUL A participação de África na fabricação têxtil global dobrou sob o AGOA, mas os produtores planeiam com dois anos de antecedência e podem transferir a produção para o sudeste Asiático se o futuro do tratado estiver em dúvida, apontam Runde e Bryja do CSIS. O partido da oposição sul-africano, Aliança Democrática (AD), fez manchetes ao dizer que “iniciou um processo de lobby” para a inclusão contínua do país na AGOA, numa tentativa de salvar a economia em dificuldades do país. A AD alega que a posição não alinhada do governo liderado pelo ANC sobre a guerra Rússia-Ucrânia pode levar ao colapso do sector da fabricação de automóveis na África do Sul se os EUA o excluir da AGOA como punição. Sendo a economia mais avançada de África, a África do Sul tem sido o maior beneficiário da AGOA durante os 23 anos em termos monetários, em grande parte graças ao sector automóvel. A imprensa sul-africana também informou que Ramaphosa enviou membros seniores do seu gabinete a Washington para discutir o futuro da AGOA. Até o Botswana vai ficar sob pressão, porque trabalha em estreita colaboração com a África do Sul ao abrigo da lei AGOA, para fornecer componentes para os automóveis dos EUA. “O seu sucesso é o nosso sucesso”, disse o ministro do Comércio do Botswana, Kgafela. Depois de tudo dito e feito, a decisão final sobre a renovação do AGOA caberá ao Congresso dos EUA. Por um lado, as questões africanas são uma das poucas áreas temáticas em que há quase sempre apoio bipartidário. Por outro, as questões africanas muitas vezes não são uma prioridade, o que pode significar que se chegue até Setembro de 2025 à espera de uma renovação. A POSIÇÃO DA ZÂMBIA O ministro do Comércio da Zâmbia, Chipoka Mulenga, referiu que o seu país beneficiou do acordo comercial, mas permaneceu “no fundo dos benefícios da plataforma AGOA” devido à falta da industrialização necessária para produzir mais “produtos de valor acrescentado” em vez de apenas exportar matérias-primas, como minerais ou produtos agrícolas. “Se eles, o governo dos EUA, querem ver o AGOA ter sucesso em África, eles devem apoiar os países africanos a industrializarem-se para dar valor agregado.” Mokhethi Shilele, ministro do Comércio do Lesoto, advertiu contra uma reformulação completa da AGOA por medo de atrasar a renovação do acto. “Há um sentimento de que a AGOA deve ser reformada ou alterada, mas sou indiferente a isso, porque se pressionarmos, como vamos renová-la este ano?”.

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Eles gostam de vestir Moçambique

Não se pode falar de moda em Moçambique sem se mencionar o nome de Vasco Rocha e a marca Mozambique Fashion Week, ou MFW para os mais familiarizados. O MFW é um dos maiores eventos da indústria da moda. Existe há 18 anos e foi criado pelo empresário, no âmbito das actividades da agência DDB Moçambique. Vasco é o seu director executivo e um empreendedor de gema, que há muito aposta na organização dos grandes eventos. Na entrevista que se segue, ele fala à MozbUSiness sobre a MFW e sobre o impacto que a moda produz na economia.  Celita Matsena (texto). DDB (fotos)    Qual é o objectivo do MFW? O nosso maior objectivo é descobrir novos valores, promover a indústria, criar pontes para a formação e exportação de valor, colocar a moda como um elemento forte de transformação na nossa sociedade, potenciar as indústrias criativas e dinamizar a criação de emprego jovem e novas oportunidades. Paralelamente, mostra um Moçambique brilhante e criativo com uma indústria de elevado valor que merece ser conhecida e admirada no mundo.  Para a materialização do MFW existiram desafios? Se sim, quais? Os desafios para a materialização do MFW foram vários e diferentes, mais ou menos complicados, dependendo do ambiente em cada um deles, da altura e fase, que o MFW foi passando ao longo do tempo. O primeiro desafio que tivemos foi a materialização do primeiro evento, que foi colocado como parte de um plano de eventos maior e que se realizou durante o Verão numa das províncias de Moçambique — Inhambane. Nesta altura, não tínhamos quaisquer expectativas em relação aos resultados do mesmo e acabou por ser um ‘balão de ensaio’ para futura análise daquilo que poderia, ou não, ser feito no futuro. Por outro lado, na época ainda não havia estilistas ou designers de moda, mas sim alfaiates e costureiras. Profissionais que também não estavam muito habituados a este tipo de eventos. O segundo momento foi tornar o MFW uma referência nacional e internacional. De um mercado inexistente, desenvolver um market place foi o maior desafio, embora já numa fase bastante diferente e muito mais madura do que quando estávamos na fase inicial. Hoje, os moçambicanos já valorizam, e muito, aquilo que é desenhado e produzido criativamente em Moçambique. Gostam de vestir Moçambique. A melhoria da capacidade criativa, o aumento da qualidade e acima de tudo o orgulho de usar a bandeira em cores e padrões que vestem esse mesmo orgulho.  Como é que foram ultrapassados estes desafios? Primeiro, o projecto passou por criar uma estrutura inicial de três elementos, para um evento que iria decorrer em três dias. Esses elementos eram os Young designers, Estabelecidos e Pan Africanos. Por outro lado, iniciamos processos de passagem de conhecimento e formação apoiando o desenvolvimento de workshops anuais, onde trouxemos profissionais de fora para poderem ensinar e aperfeiçoar os estilistas que estavam a iniciar a carreira, pontes de trabalho com a Federação de Moda Italiana, que anualmente permitem aos estilistas moçambicanos aprender e apresentar as suas colecções. O mesmo para os modelos, para a produção do evento, para a fotografia, e por aí fora. Era um dos passos mais importantes para que o evento pudesse ter sucesso e, principalmente, trazer sucesso aos seus intervenientes.  Além de todos estes processos, para que o MFW pudesse ir evoluindo e criando oportunidades para os diversos intervenientes, teve de se olhar para outro factor importante: o factor financeiro. Para os parceiros e marcas. O evento tem o nome de Moçambique e mostra muito do poder criativo do país, impulsiona a indústria criativa e fomenta o conteúdo local e a oportunidade real de desenvolvimento. Antes, era difícil olhar para a moda como um elemento de transformação. Ninguém acreditava, mas hoje é uma referência importante na cultura nacional. Hoje falamos de sustentabilidade, diversidade, inclusão e muitos mais adjectivos e o MFW desde sempre teve isso em consideração na sua plataforma porque sempre tivemos presente o factor de mudança e desenvolvimento. O evento foi premiado, várias vezes, pelas suas campanhas de sensibilização a nível internacional, desde o cancro da mama até à violência doméstica. O MFW, felizmente, é mais do que um evento de moda. Independentemente da opinião de cada um, é um evento que transformou e revolucionou formas de ser e de estar. Quais eram as expectativas na época da “implantação” deste tipo de certame? As expectativas eram baixas. Entretanto, o mercado mostrou-nos que havia espaço, necessidade e uma vontade enorme de ter eventos deste género. Logo de início, e em relação ao número de espectadores, as expectativas foram largamente extravasadas, mas também ressaltou de imediato a necessidade de se criar o mercado da moda ou, pelo menos, um local onde a criatividade e o engenho moçambicano pudessem ter uma montra. MFW EM CRESCIMENTO Que acções estão a ser tomadas para ultrapassar a limitação aliada à formação? Como referi, temos vindo a diminuí-la com a introdução de workshops anuais e do envio de vários designers moçambicanos para outros países para que possam estagiar, nomeadamente para a Itália e a África do Sul, fruto de acordos firmados e de uma relação estabelecida com a Federação de Moda Italiana e do South Africa Fashion Week, no entanto é manifestamente pouco para aquilo que são as necessidades presentes. E quando falo de formação, falo de formação não só para os designers ou estilistas, mas também para os modelos e outros actores desta indústria. Tenho a consciência que é um processo em curso, que há necessidade do Governo olhar para esta indústria como um todo e para a criação da sua cadeia de valor. Mas, também tenho a noção que o mesmo Governo tem muitas prioridades e que, portanto, estaremos certamente no “to do list” e que há coisas que se podem efectivar em paralelo, por isso, estamos a trabalhar nesse sentido.   Fazendo uma análise comparativa dos primeiros anos do MFW e dos dias actuais, o que se pode dizer quanto à adesão das pessoas a este tipo de iniciativa? A adesão tem sido extremamente

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